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Pintassilgo


Pintassilgo:
Entre os variados nomes da avezinha desta raiz temos: pintassilvas, pintassilvo, pintaxildo, pintaxilgo, pinta-sirgo, sigueiro, sílgaro, xílgaro, xilgueiro, xildo, cílgaro, picílgaro, sibeirão (sibeirao).
Já nas Astúrias: xilgueru, xilgueiru, xilguiru, silgueru, silguero, sirgueru, filgueru filgueiro (Santa Eulália de Ozcos).
No mirandês: pintassilbo.
No espanhol: jilguero; em Salamanca sibón.

Xilgueru / silgueiru, no asturiano é adjetivo e qualifica a quem é ágil e bem disposto para atuar.
Picílgaro / pizílgaro, palavra não dicionariada, nas terras das Marinhas dos Condes, na freguesia de Leiro, dá nome a quem é magro, ligeiro e ágil.
Picílgaro poderia ter a ver com pecilgar e pecilgo, "beliscar e belisco".
Cílgaro seria um apócope?
Entre as palavras que podem estar no nome do xílgaro também está a silva, e a sirga (cerda, e peneira fina), o assobio, ou silvo.

Exite no asturiano o adjetivo silgu, que qualifica os animais com uma marca de cor diferente.
Sengundo isto pinta-silgo seria tautológico.
De onde é que sai o silgu asturiano?
Outra etimologia proposta para para o silgo de pintassilgo, é que silgo provém de syricum / siricum "cor vermelha".
Também silgo derivam-na de sericus, referido à seda.

Neste grupo de nomes similares: pintassilgo / xílgaro, há uma raiz que se repete: silg-/ xilg-/ xild-/ filg-/ cilg-.


Outros nomes fazem referência à sua alimentação com cardos, pois é uma ave que se alimenta de plantas de espaços ruderais, de bordes de caminhos, ou de campos de cultivo abandonados.
No galego: pica-cardinhos, pica-cárdio, pica-cardo, picar-o-cardo.
No catalão: cadernera, cardina, carderola.
No aragonês: cardelina.
No occitano: cardelina.
Francês: chardonneret.

A etimologia latinista para a forma silgueiro / xílgaro dá uma forma hipotética latina *sillybarius por sua vez derivada de uma forma grega σίλλυβον "cardo-leiteiro".
Outra proposta é que derive de sericarius, "sedeiro". E assim parece quando é chamado de pinta-sirgo.

Voltando ao radical silg-....
Chama a atenção a existência nas Astúrias de filgueru / filgueiro, pode ser uma ultracorreção asturiana por influência da língua A jilguero no espanhol com formas intermédias não recolhidas como *ḥilgueru dando o f- inicial, ou à inversa polo fenômeno do mesmo modo que juerga nasce de fuelga ḥuelga "folga".

Mas é extranho pois a palavra foi recolhida a mediados do século passado quando a influência do Espanhol era pouca, e ainda mais numa zona galegófona, em Santa Eulália dos Ozcos.

A existência de cílgaro no galego também abre a hipótese de ser uma alternância de θ/f, que também é frequente...

Vistas as formas variadas, o fonema consonântico inicial do lexema silg- é não estável, e ainda que a sua variação ( f / x / θ / s / ʃ ) dá um valor polissêmico, deveu ser um único.
A ideia de ser filg- um lexema velho foi tratada neste escrito onde filg- foi associado com a marca exterior do território agrário, com o campo agrícola em descanso anual, na ideia de ser o pintassilgo ave própria das terras ruderais, um campo se é deixado em descanso, na zona sul da Europa, costuma encher-se de cardos e plantas das que se alimenta o xílgaro.
Então xílgaro significa "o das *xilgas" ou "o dos *xilgos" entendendo que leva um sufixo genitivo plural.
O xílgaro com as suas variantes pode ser que conserve a relação raiz entre a felga, a selva, e o jilso.
Para ser entendido isto é necessário ler o anteriormente referenciado escrito onde se fala do radical filg-.
O protoindo-europeu proposto para a selva e a silva é *sel-, *swel- “borda, limiar, limite".
Confronte-se que o nome grego do cardo-leiteiro, σίλλυβον (sillybos) que antes foi falado muito assiciado à avezinha, cardo que é uma planta ruderal.
Aqui está a sebe? a *selve?
Há uns quantos nomes do xílgaro que como pintassilbo, sibeirão, sibón, semelham ter a ver com assobiar, mas tenhem a ver com mato e sebe: sibeiro, subiadeiral, subiado, com as asturianas subiadal e sobiáu, (e co cântabro asubiadero?, com as galegas sobeira / subeiro?).

Aqui está Sibéria?, como a terra separada e de pouca vegetação?
Está o topônimo Fezes, como Felzes.

Ideia:
No neolítico europeu, a agricultura era em ínsuas desbroçadas do bosque primigênio, aparecendo a paisagem ruderal primeira, e com ela novas espécies de animais e plantas foram mais comuns, apareceu o inexistente limite, agora entre a zona humanizada agro-pastoral e a zona florestal, este limite tivo um primeiro nome que deu lugar a muito vocabulário esboçado neste escrito e no que trata sobre a filseira.

Baleio



Baleio é nome para as vassouras das eiras, palavra trasmontana e galega, também no mirandês.
Baleio é pois uma escova, talvez de uma camada cultural antiga, ao ficar o seu nome especificamente para o varrer da eira, para vir depois a vassoira (que dizem a ver também com o latim verrere "varrer") e a escova (do latim scopa).

Baleio está na família céltica, com o francês balai, bretão balan (gesta, escova), o gaélico escocês bealaidh, que remetem a um hipotético céltico: gaulês: *balatno e britônico *banatlo, com o galês banadl, o córnico banathel.Este radical céltico bal- dá nome às giestas, gestas ou gestras, também chamadas de escovas.

Até aqui é seguida a raiz. Há quem lhe dê uma origem no tal "latim tardio" (que como noutras gêneses etimológicas apenas é um jeito latinizado da palavra "indígena"?)
No espanhol baleo é um abano para avivar o lume, além de uma gesta e o capacho de limpar o calçado à entrada das moradas.

Balear no noroeste da Ibéria, no galego-português, mirandês-asturiano significa varrer a eira e limpar o cereal de palhas, aventá-lo mesmo.

No asturiano é de interesse estudar esta palavra: baléu é a vassoira da eira para o cereal, feita sim de gesta, ou de vidoeiro, pode ser usada para varrer, ou para estender a bosta na eira, dando-lhe uma superfície homogênea que facilita a limpeza do grão.
Limpeza do grão que é chamada abalear, em galego e e asturiano, (com a forma parelha abanear?) abalear além de usar o baleio para limpar varrer o grão separando-o da moinha e palha, também é aventá-lo, aventar o grão.
Assim baléu asturiano é a ação de separa o grão da palha com o crivo, que tem o nome de vanu ou vañu1.
Mas baléu asturiano também dá nome ao montão de feno empilhado no prado, com a forma bálagu, nomes de medas e palheiros.

Então temos no asturiano um revolto: pois a mesma raiz dá nome à escova de varrer a palha trilhada, ao ato de limpar o grão, e à meda.
Tirando das hipóteses do protoindo-europeu, a raiz de palha está no latim palea, que não é de surpreender que seja parelha a balea.

A hipótese, que baleia (escova feita de raminhas finas de árvore para limpar o grão na eira), baleio é palavra antiga da mesma origem que palea, referida ao primeiro cultivo de cereais, para dar nome à moinha ou coanha, e daí passou a dar nome à coanhadeira, à vassoira ou a qualquer utensílio que serve para limpar o grão da palha, e às plantas vegetais usadas para limpar o grão da moinha.
Baleia, também dá nome à chicória, no asturiano achicoria de balea e no espanhol abalea, balea, baleo.
Todo isto leva-me a pensar a que no nível zero balea - palea estão na mesma raiz.
No inglês antigo bǣl "pira funerária", que tem o gaélico escocês beoll, beall como aparentados para dar nome ao lume, à incandescência, às brasas.
Beltane, Bealltainn no gaélico escocês poderia desenvolver-se em
Beall + tàn, tempo da incandescência.


Outra vassoira da malha é a coanha, com formas como coanhadeira...
A coanha varre o coanho, canho ou cuanho, a moinha, a palha miúda, as arestas do cereal... A forma paralela ao cuanho no galês é gwannus, que significa o mesmo.
Gwannus está formado por gwan + -us.
Gwan tem os significados de leve, feble, fraco, sem força, doente, coitado, trivial, de ínfima qualidade...


1. Vanu asturiano que tem a ver com abanear no galego?, vañu que tem a ver com o banho no galego, sendo nome quase zero de recipiente vazio, vão?


Se a baleia do mar leva o tema em b-, no grego leva-o em f- φάλαινα.
Caberia esperar palavras com tema fal-, fel- que remetessem a este primário tratamento da malha do cereal: falopa?