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Guiço

Do guiço, ou de fazer o ó com um canuto....
Além dos garvetos, garavatos ou da garatuja?

Guiço tem muitos significados no galego:


  1. pau aguçado
  2. pau fino direito e sem galhas, vara
  3. estaca, pau
  4. garaveto
  5. conjunto de garavetos
  6. pequeno pau que atravessa o extremo do tamoeiro do jugo para segurar que não se abra
  7. coisa desprezível
  8. (arcaico) garfo simples, feito de um pauzinho em galho
  9. pau seco de urze usado para alumiar, tição aceso
  10. haste seca de abrótea, a mesma planta de abrótea (Asphodelus albus)
Guiço tem as formas parentes guinço e guincho:
Guinço:

  1. haste seca de abrótea, a mesma planta de abrótea (Asphodelus albus)
Guincho:
  1. rebento, germolo
  2. guiço, pau aguçado
  3. ponta, punção
  4. gancho
  5. utensílio de lavrança, apeiro, com duas ou três pontas
  6. guindaste
A ressaltar guincheiro:
  1. (Trás-os-Montes) galho de árvore

Guinçar é rasgar uma roupa ou quebrar um galho de árvore ou uma madeira.
"Esguinzar" palavra não recolhida no dicionário da RAE, do castelhano é luxar, escordar um artelho.
Assim guiçada no galego é a rachadura na roupa.

Todas estas palavras semelham levar a uma ideia de quebrar.
Se esquartejar, quartear, tem a ver com quarto, e transmitem a ideia de partir.

No latim quintus, também seria colhido para o conceito de quebrar, rachar, partir?
Confronte-se com quinta, quintã, quinteiro...


Já pola linha céltica há no galês a palavra
gwŷdd, com o significado de árvores, (o seu singulativo a árvore: gwydden).
A guincha e as guinchas são ferramentas agrícolas, sachos com bicos...
Confronte-se a enzinha com o encinho.
Semelha haver uma relação?

Gwŷdd tem parentesco com o antigo bretão guid, bretão atual gwez, córnico gwyth, todas elas com o significado de árvores. Descendem de uma hipotética raiz proto-britônica: *gwɨð, por sua vez do proto-céltico *widus (confronte-se com vido, vidoeiro).
Se atendemos ao galego a raiz seria *windu ou *wĩdu /
*wĩda.
Binças seria pois uma palavra esperada desta raiz. As binças são as aivecas, as gueifas do arado, a entender que as primeiras binças eram só labegas, ramalhos atados ao corpo do arado que alargavam o suco:



https://www.olx.pt/anuncio/arado-de-madeira-antigo-IDzbCnt.html
Talvez nesta raiz *wĩda, poderiam estar as pinças antigas apenas um galho partido dobrado?


Entendo que a ideia de partir em galhos ou mesmo o esguince espanhol (esguinçar) pode ser que tenham a ver com uma ideia de desarvorar, no que sim está a ideia de árvore, mas acaba generalizando para desarmar, desaparelhar.

O guiço arcaico utilizado como garfo para comer era isto: Y, e cinco em latim escreve-se V? Algo a ver?
Tendo em conta a palavra guinço?
Em grego antigo Π = 5
Em latim V = 5
Na numeração rúnica ∩ = 5
Os símbolos antigos de numeração indo-arábiga para o cinco:




É por isto que o cinco está longe do penta?



Fotografia cortesia de Javier Torres‎, é uma lápide da época sueva, (Século VI), achada na igreja de São João de Banhos de Bande, agora no museu da catedral de Ourense.
Nela e é possível observar nas gravura um símbolo numeral duas vezes em forma de guincho e não como foi comum em V na época anterior romana, e posteriormente no medievo até a atualidade.
"Recesset Alepius in nomene XP (Christi) annorum XVII X Kl(Kalendas) Novembris era DXLVII".

É esse símbolo um cinco?

  é utilizado na cultura indo-arábiga para o cinco.







Esta letra grega é chamada de digama, e tem o valor numérico de seis, que é marcado com um símbolo semelhante a sigma ς


Esta antiga letra na Grécia simboliza o número noventa. O Ҁ é do grego arcaico e foi substituído por Ч no alfabeto cirílico com um valor de sessenta.







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A deixar aqui:
guiça, guiço
guinço
guicha, guicho
guincho
guincheiro, bicheiro
Guíssamo / Guísamo, guiço- + -mo, sufixo aumentativo átono ou dativo, indicando função, lugar ou estado. Seria a freguesia de Guíssamo a que tem guiços altos, ou o lugar para os guiços?


No hitita westara é o pastor, que está formado por wes- + -tara, wes na ideia de ver com atenção e tara como -tor, "veedor".
wesi é um prado.
Guísamo segundo isto seria que é lugar para prados.
wiso / weso seria vedação de paus, confronte-se com garda/ barda e guardare, regarder, fitos e fitar, luco e lucar.

Guísamo apresenta a formação de cousso:






Guísamo (Bergondo)





Guisamonde:

Guisamonde de Morquintião / Morquintiám (Mugia)









Topónimos aparentados ao lexema guis-, guiz- guiç-:


Guitião (-ám) de São Pedro de Froião (-ám) (Sária), grande cousso, a salientar os microtopónimos Siara (seio / feio), , Caritel, talvez na ideia de marca, em Caritel está a casa grande, na posição frequente dos coussos de ficar em um lado a igreja e no outro a casa da elite.
Este topónimo podeira ser associado não à vaca *go, mas ao guiço, analisado no escrito




As corgas de Guitião (-ám), caminhos de saída do curro do Sabugueiro, analisado já no escrito "Sabuzedo".

Santa Maria de Cutião (-ám) Cessuras







(Hitita wesiya é vestir, confronte-se com guisamento e viso, roupa também chamada combinação).






Guíçaro: intratável, brusco, rude repelente.
Guíçaro: Nome dado para as gentes da Suíça, é pensado ser derivado do antigo alemão Swîzzer.
A etimologia da Suíça vai dar à palavra proto-germânica *swīþan "queimar".
Então o guiço e *swīþan, o pau ou garaveto (em Y) e o queimar teriam uma mesma raiz, que no caso galego, devido ao alargamento de significados do lexema, daria-lhe uma grande antiguidade, no mundo germânico o lexema é mais restrito.
Guiço, a lembrar que entre outras cousas, tem estes significados que põem o proto-germânico *swīþan "queimar" em relação direta com ele :
  1. pau seco de urze usado para alumiar; tição aceso
  2. haste seca de abrótea usada para alumar, a mesma planta de abrótea (Asphodelus albus)
Assim em Lubião (-ám) na Samora: guiço "pedaço de pau seco, ou garaveto, para acender o lume".


Guiço (Asphodelus albus), guiço é o nome dado à haste da abrótea, e à planta em si, haste que quando seca é apanhada, fôrom usadas e servem para alumiar, pois prendidas vão ardendo lentamente.
(Foto tirada de https://www.asturnatura.com/especie/asphodelus-albus.html).

A confrontar com esguíçaro ou guíjaro "alto e magro", se calhar por ser como um garabulho, como um guiço, onde o sufixo átono -aro poderia ser indicativo de genitivo plural , sendo esguíçaro: o dos (s)guiços, o das (s)guiças.

Assim o ghiço /'hi.θʊ/ como "pau-lume" diversificado, levaria-nos a uma ideia paleolítica *sghĩthu.
A confrontar com as línguas da América do norte da família 


https://csd.clld.org/parameters/481#4/41.77/-96.22


A lembrar um dos significados de guiço:
  1. estaca, pau




Esta hipótese aqui apresentada levaria a palavra guiço ao paleolítico glacial, quando existia a banquisa atlântica (21.000, 26.000 anos atrás).

Tina Mayor e Tina Menor


Tina Mayor, e Tina Menor, são duas rias do Cantábrico.
Tina é uma palavra no etrusco, grafada 𐌈𐌉𐌍𐌀, que dava nome também no latim ao que conhecemos por tina, um balde.
Estas rias tiveram desde o antigo, pelos restos achados, relação com a minaria, na época inicial já dos metais, com o estanho, que nas línguas célticas e germânicas é da raiz: *tiną, inglês tin, galês tyn e tùn.... A fazer relevância que as antigas tinas eram de zinco.
Por outra parte a tina, poderia ter parentesco com o latim sinus, que é nome de cavidade, de seio, do recipiente, do peto/algibeira, da badia/baia, figuradamente do lugar interior secreto....
Abofé que todas estas caraterísticas as Tinas com as suas bocas estreitinhas, abertas ao mar numa zona de altos alcantis, têm.
Também muita coincidência que estas rias fossem berço na idade do Bronze?
Também muita coincidência que a Tina Mayor esteja formada polo rio Deva?

A hipótese que é lançada é que este local deu nome, e foi fito na indústria antiga de dous metais: do estanho e do zinco.
Tina é pois o lugar de onde saiu com primacia o estanho manufacturado, daí que nas falas célticas e nas germânicas o nome do estanho seja da raiz
*tiną que também dá nome ao zinco.
Foi pois esta caraterística principal de produzir um recipiente estanco o que deu nome à tina, sina, sinus?. ou foi ao revês, o material proveniente de Tina deu lugar ao nome do recipiente?
Confronte-se com os Tineus galaicos, confronte-se com a ferramenta do picheleiro chamada estinga.
No lado cântabro e astur, tinada, tena, taina, teinadero, fazem referência a uma construção simples, um pendelho, mesmo a corte dos animais.
Então é esta cateterística de material estanco, fechado o que deu lugar ao stagnum latino?

É possível a mutação m-t mina / tina? O espaço que ocupa o rodízio e o eixo do moinho de auga é chamado de tina.

Talvez por ser material que faz tim!?

No trabalho do bronze, tem a ver o verbo esbronçar / esbrençar?
E uma broussa, brossa, um bros, teria sido uma *brõssa/*bronsa / bronza?
Porque então estaríamos a falar disto:

http://aulagalicia.blogspot.com.es/2013/11/o-machado-de-talon.html



A brossa no asturiano:
Bruosa, gruesa, gruosa, brousa.
O machado próximo a bros nos célticos falares:
Bíail, biáil no gaélico
Bahell, galês antigo
Bwyall, bwyell, bwell, galês
Boell, būl, no córnico medieval
Boel, no córnico
Bouhazl, no bretão medieval
Bouc’hal, no bretão

O nome do bronze no inglês é brass, com aparente relação coa brasa do lume.
No frisão antigo, bres é nome do cobre.
E no baixo alemão médio bras significa metal e mina.
Raiz céltica *brussu "quebrar, romper"?

Tina recipeiente poderi ater a ver com *tina "zinco/bronze" e antes disso com o tim-tam da campã ou sino, um étimo onomatopeico
Tim é o pim-pim: