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Furghando no abedugho, num mato de palavras








Se consideramos a continuidade paleolítica post-glaciar e já neolítica da Europa, e o mapa das vegetações: seria possível que o território da atual Galiza e faixa atlântica tenha sido mátria arbórea, e não só.
Neste escrito, falo da Albideira, da Deusa do bosque, (da vidoeira); e trato de fazer ver como a etimologia baseada no latim pode não ser verdadeira para explicar a gênese dos nomes principais das árvores da Europa, fazendo finca-pé na Betula, que também é Vetula, como árvore primeira e de muita força lexical geradora.
Falo também de como os múltiplos nomes, que a vidoeira tem, refletem uma antiquíssima cultura que se formou arredou desta árvore, e que durou e perdurou milênios, que se espalhou por Europa, conforme o clima foi melhorando e acabando a glaciação.

Mapa com uma pequena inexactidão, pois o vido estende-se mais marcadamente polo norte da península ibérica, mas que  pode dar uma ideia de que realmente a sua importância boscosa atual na zona da Galiza minguou muito, que há uma relativa "cousa rara" entre a ubérrima quantidade de nomes que tem a árvore e a sua distribuição atual.
http://www.euforgen.org/fileadmin/templates/euforgen.org/upload/Documents/Maps/JPG/Betula_pendula.jpg







Mapa da vegetação europeia nos tempos da glaciação e post-glaciares até hoje:





Quando busco nas palavras, assim é que acho:
Normalmente referenciamo-nos no latim, e não vou dizer que este idioma não tenha dado forma à fala que eu uso a diário, mas é nas palavras vedras, nas velhas verbas, dos velhos conceitos, onde acho uma continuidade com o latim e não uma derivação do latim. Explicável porque o latim, é herdeiro dum berço cultural antiquíssimo que sobreviveu também numa esquina da Europa...
Foi pois a Europa neolítica conformada por três polos, dous deles reconhecidos e um terceiro, desconhecido.
E é do desconhecido que compre falar.
Os três polos são a zona do Peloponeso, a península Itálica e a faixa da costa atlântica ibérica, talvez em continuum com o norte da África.
Assim a Europa tem aceite a sua gênese latina e grega. E a kalaica?, ou céltica?

Possíveis três linhas de expansão do carvalho, (Quercus rour) no período post-glaciar.

Há que se ir libertando dos pré-conceitos que estão incrustados e que nos incrustam, de ter sido esta terra um lugar periférico e de chegada, na vez do que se sente e vê com maior claridade, que é que estas terras foram berço e lugar de difusão...

Furgando....
As terras quando as deixamos voltam ao seu, inçam-se de arvoredo; touças e bouças tornam védramos.
Os nomes das árvores indicam muito.
Ontem falando com um homem de quarenta anos, sobre como era que estava vindo o verão, com poucos dias quentes, e que há umidade, que todos os dias houvo orvalho da manhã, que há muita fruita, e lentura na terra, que a erva não está agostada...
Dixo:
"Hai uns pêxaghos naquel prado d'alô embaixo riquíssimos, subim ao carvalho para colhê-los".
Carvalho aqui não é cousa de loucura, tal que um carvalho vir dar pêssegos. Carvalho é nome inespecífico para árvore, para qualquer árvore.
Subi à árvore colher fruta, na fala  de aqui é dito: "subim ao carvalho colher froita."

É pois tal a força do carvalho que a palavra árvore não existe, apenas entra como castelhanismo árbol nas gentes menos ligadas à terra, ou mais colonizadas, (consciente ou inconscientemente, sem entrar a avaliar o colonialismo e os seus efeitos).

Na busca da gênese ando.
E dou com uma palavra velha, que nunca ouvim: alpe que significa monte, serra.
Como fum formado polo espanholismo e o provincialismo, tomo por evidente que a palavra alpe, chegou ao galego de fora, possivelmente trazida polos romanos que assim chamavam às montanhas dos Alpes.
Que nos dizem desde os paradigmas imperialistas?, pois que Alpes deriva do latim alvus por ser essa a sua cor, que Roma lhes deu nome...
Mas já anda o céltico por aí, nas suas brêtemas, pois dizem que alpe nos falares célticos significa montanha.
Claro a Escócia é Alba!, por ser nomeada desde um lugar menos montanhoso, a Irlanda.
Alba foi chamada de Alpain, a alpina, a pina, a costenta...
Não por casualidade os celtas dos Alpes eram os helvetti, *alpeti , (elevados).



Este fio de palavras que começo com alpe e alvo, romanticamente desde um ninho cultural relicto, tem muitas derivações, que ficaram em esboços, pois desenvolver toda a ramalhada faria o escrito denso de mais.

O radical alp- na língua que falo conserva-se na palavra alpeirar, que entre outras cousas significa animar, elevar, colher vida, erguer-se, sair arriba metaforicamente, e também dar roupa, regalar roupa, abrigar.
Confronte-se alboio, albó, e alpendre
Acho pois um radical alt-, alp-, alb-, alv-, alm-, com ideia de elevação
Note-se  que a consoante vai mudando na regra de lenition, lenição, se a miramos do jeito que a escrevim, ou de fortition, fortição, se ao revês
Sequencia que vai: m, v, b, p, t.
Então temos al-pe, como o pé ou em pé.
Aqui começa a loucura da rotura do paradigma, (que acontecerá mais vezes), pois o pé galego dizem vir do latim pes, pedis, então al-pé, de pé, em pé já era dito antes de Roma?
Ou o pé era nome comum para estar ergueito ou ergueita nas línguas europeias da altura.
A partícula al-?
Deixemos o caso.

Alp-, como erguer-se tem força em aupa e aupar,  também upar e upa; (a regra é tal que aupar alpar, geram-se do mesmo jeito que Brasiu / Brasil, ou cauce / calce) ... Chegando isto ao inglês e por aí adiante.
Alp- como nome de árvore foi desenvolvidoparcialmente  aqui: neste escrito do enlaço, e em certa forma repetirei-no no que continua.
As árvores alpinas e não só alpinas, pudérom ser nomeadas, (como fai meu vizinho e fago eu...., que apanhamos os pêxeghos subindo ao carvalho), generalizando um nome particular de uma espécie em concreto e generalizando-o para todas.
Assim o alpino mudou em pino como costento e em pino / pinho / pinheiro como árvore alpina, de montanha...
Sim, sim, Roma outra vez nos explica o dos pinheiros desde o seu pinnus.
Ao lado estava o *alpeto, ou *albeto que veu dar no abete.
Sim, sim, sim, Roma outra vez diz que abeto, veu de abies, e não sei que mais do sânscrito e da auga polo meio...
Depois copularam-se  e geraram o pinabete, e as pinabetas.
Abeto, pudo vir de alveto, alvoreto, arvorezinho...
(Para mais explicações dos nomes das árvores, como o do carvalho e outras, siga esta ligação: o carvalho, o rebolo e o alvorário).

Mas como?
Se árvore também veu do latim!
Algo que está em pé, elevado é um alpe, a árvore está alporiçada e alvoriçada.

Então diante de tudo isto, faço a seguinte cousa, uma pré-suposição:
Que: alva / alma / alba / *alpa (alpe) / alta, são palavras antiquíssimas que trazem em si o conceito de erguido e erguida, enraizadas em alpe e em aupa, gerados desde a voz quase onomatopeica, ainda hoje em dia vivas, aupa, upa e up, como golpe fônico do impulso no salto.

Que mesmo a alpondra está aqui, a ponte primitiva, também dita pondra, talvez feita de *alpo *endra, do mesmo jeito que o alpe *endre, alpendre. (Confronte-se com o albo-ergue).

Salto para os nomes duma árvore matricial, a vidoeira:
É aqui na Galiza, que este "carvalho" tem tantíssimos nomes:
Abedoeira
Abedoeiro
Abedoleira
Abedoira
Abedugo / abedugho
Abedul
Abedulo
Abeduzo
Abelo
Abidueira
Abidueiro
Abidul
Albelo
Albideira
Albideiro
Bedoeira
Bedoeiro
Bedolo
Bedreiro
Bedugo / bedugho
Bedual
Bedueria
Bedueiro
Bedul
Betujo
Bídalo
Bideiro
Bido
Bidoeira
Bídolo
Bidouro
Bidro
Bidrom
Bidueira
Bidueiro
Biduído
Bidul
Biduleiro
Bidulo
Bíduo
Bodelo
Bodolo
Búdio
Budueira
Brido
Semida (está recolhida por Leite Vasconcelos, mas não se tem a certeza de que tenha sido na Galiza, ainda assim compriria uma investigação profunda dela, dada a aparente importância semântica de tal palavra)

Nas  falas das Astúrias:
Abedoriu
Abedugu
Abedul
Abeduleru
Abeduliega
Abedulina
Abeduliu
Abedulu
Abeduriu
Abeduru
Abeúl
Abidul (el)
Abiduriu
Abidur
Abiul
Abulu
Bedueiru
Bedueru
Baléu (escova de ramos de vido)
Bedul (el)
Bidul (la)
Llumera

Como isto é assim?
Como é  que há tal quantidade de nomes para uma árvore só?
Vales, montanhas, aldeias isoladas, rios, endogamias....
Bem, bem, bem, saiamos do paradigma imperialista que nos olha desde fora....
O Carvalho por exemplo também tem muitos: carva, rebolo, alvarinho, alveirinho, verinho, virinho, vrinho, velinho, alvorário, e também as formas em epíteto de carvalho-alvar, carvalho-alvarinho, carvalho-alveiro.
Também tem muitos nomes, mas ...
O castinheiro?, castanheiro, castiro, castinceira, regaldo, rebordão.... (de souto falarei depois).
Se aplicamos a lei tão famosa que obriga a que a chuva na Galiza tenha tantos nomes, ou a neve para os inuits também  tenha tantos nomes..., quadra algo?, ou não quadra?
Quadra que a Digitalis purpurea tenha tanta variação, estalote, bilicroque, milcroques, sevane...?

No caso do bidoeiro a opinião que me sai, é que o nome é mui velho, e por força tivo que variar, como seguindo umas leis genéticas, quando algo é novo num lugar a sua variabilidade é baixa, todos falam a mesma palavra igual, mas quando a palavra é antiga, sofre variações....

Então estamos diante da álbore que lhe dá nome a muitas das outra árvores ao ser usado o seu velho e incógnito nome particular para nomear o inespecífico, do mesmo jeito que em Castilha podem dizer pino para qualquer árvore, ou em certas partes rurais galegas, chamar de carvalho a qualquer arbóreo.

O nome de albelo ou abelo do vido, é chave e é elo, pois é uma forma em lenição e diminutiva de alpe, *alpelo, o elevadinho, o erguiducho, e mãe do albero.
Em albelo vemos como a cor, o branco da sua casca se une com o conceito de álbore.

Que palavra lhe deu o primeiro nome à cor, uma palavra nascida do seu conceito mental em abstração, ou o nome de algo material ampliado ao imaterial ou coletivo idealizado?

Sem necessidade de irmos a Roma polos Alpes?

Álbore, palavra dialectal, não é uma corrupção de árvore, do latim arbor, arboris.

Albelo /abelo, albore, albre, com alvarinho, alveirinho e alvorário dão a gênese de arbor, arboris.

Roma cai, pois é hora que caia.
Cai como um carvalho.

A fala popular perdurou, deostada ou doestada polos paradigmas supremacistas do imperialismo, perdurou, perdurou!!, com toda a sua força, para dizer a verdade, verdade que a humildade sempre soubo.
Tão simples como que álbore (3) tem tanto direito a se dizer como árvore, que não é falar mal, pois é que é um falar antigo, falar que busca a agilidade à vez que a compreensibilidade, falar que se amolda à fonologia da terra, fonologia que nasce dos sons que a Natura emite.

Há que pensar que a cultura do vido nos acompanhou milênios e ainda nos acompanha, uma árvore que alimentou, quentou, cuidou da humanidade desde o paleolítico até há pouco tempo.
As primeiras velas, chamadas candiolas são feitas da sua cortiça enroscada.
Cortiça enroscada que em asturiano recebe o nome de tea.(4)

Socos, pratos, guiços, trinchantes, canoas, barcos, alimento....

Chama muito a atenção que se analisamos os nomes europeus da vidoeira, os mais deles estão presentes no galego.
Então como é?, vinheram todos em peregrinação aqui e trazêrom o nome da arvorinha para ficar?, ou seria que daqui se levou para outros lugares?
Comecemos por famílias e particularidades:
Nas línguas latinas os diversos nomes do vido estão relacionados com os nomes galegos, o mais divergente, o francês bouleau,  pronunciado /bu.lo/, o abulu esturiano marca a sua gênese.

É chamativo que no árabe o vido leve por nome بتولا   (batula).

Nas línguas germânicas há,  birch em inglês,  birke em alemão, berk no holandês, e bjørk nas nórdicas (islandês, sueco e norueguês), com uma suposta raiz proto-germânica *berko.Aqui há mais distância de birdo / *berdo....

Observe-se que a própria cor verde, o berço como leito de ramalhos, os vírcios (alga filamentosa) podem ter nascido da raiz do vidoeiro *birth- / * birk-.
É o birdo  com lenição máxima do bê que dá o mirto?

No grupo eslavo os nomes vão mais na breza, bereza, briza.
Estas palavras eslavas dão uma ideia de onde saiu o brezo, (urze), a broça, a briza, a brisa, e mesmo a berça, e de como todas elas se  enguedelham em nomear os primeiros leitos berços.

Muito próximos o grupo germânico e o eslavo, de onde se pode concluir que a raiz hipotética de ambos os grupos estaria no *biriz / briz / birz, que estão nos galegos brido e birdo presentes, (por não falar do verinho, virinho nomes de árvore singular: do carvalho).

Nos célticos falares temos:
Bedw, galês
Bedewen, antigo córnico
Beduan, antigo bretão
Bezzuen, bretão medieval
Bezu, bezo, bretão atual
Beithe, bethe, antigo gaélico irlandês
Está série crê-se derivada de um proto-céltico comum *betuia, *betua, confronte-se com bedul, bedual, bedueiro....
Dizer que a etimologia céltica, na busca das raízes, chega a concluir que a palavra base indo-europeia é *guet...

No português e outras línguas creio que há uma relação entre o nome da alvideira e a denominação de alvo para o branco, com à cor da cortiça da vidoeira pelo meio como elo. Nos célticos falares:
A cor branca remetem-na a um étimo comum *banos.
*Banos que bem pudo ter sido albanos / alvano.

Nas línguas germânicas, temos para o branco:
O antigo inglês wiþþe, que foi nome das cordas, bandas brancas, que dêrom o nome à cor.
O nome para o branco no antigo inglês foi hwīt, que é aparentado diretamente com as línguas nórdicas:
Há uma raiz com o vido, a albideira está aí, todas estas palavras, com o antigo alemão wīz, o holandês wit, provenhem dum étimo comum suposto proto-gemânico nome para o branco *hwītaz.

Nas línguas eslavas há um radical comum para elas *belo, *bela, *bě̃lъ, que bem pudo ter sido albelo, (albelo é um dos nomes do vido em galego).

Podendo-se concluir que nas três ramas linguísticas: celta, germânica e eslava, o proto-nome para a cor branca tivo a ver com alvo, alvano, (alvão), albelo no cético e eslavo; e com vido, vidoeira no germânico.

O sardo com as formas: àbru, alvu, àrbia, àrbiu, arbu, arvu, àbru, conecta a cor e a árvore: àlbere, àlbore, àlbure, àlvere, àlvure, àrbere, àrbore, àrbule, àrbure, àrburi, àrvere, àrvore, àrvule, àrvure, àvure?

Agora a dúvida, e o nome de branco para a cor, de onde é que veio?
Cre-se devido a um protogermânico *blankaz

Um surpreendente elo que ancora na antiguidade é o nome de bidro para a vidoeira e para o vidro.
Há a palavra vidra no galego como sarmento, que se relaciona com a vide, mas que creio nascer diretamente daqui de bidro, como ramagem.
Bidro dizer que é o nome galego das ante-olheiras que se lhes põem aos cavalos mulos, que tenhem nas suas cabeçadas para não mirar para os lados, para não se assustarem.
E vidro dizem também latino, de vitrum, de um suposto proto-itálico *wedro, suposto proto-itálico que seria *galego (galego não é correto, pois galego é o nome atual da fala que ainda conserva os nomes velhos), *galego, como passo a explicar:
Quer dizer, o bidro é o vidoeiro, do vidoeiro fazem-se os bidros antigos, óculos de sol, para poder andar na neve e não sofrer de conjuntivite, esse nome em certa forma de para-sol, ficou nos bidros, ante-olheiras para as bestas, os etimologistas latinistas remetem a um radical *wedro, para o vitreum, *wedro proto-itálico que dá a gênese dos nomes que na Europa formáram a palavra vidro, mas os vidros iniciais não foram cristais e sim foram bidros ou bedreiros, quer dizer vidoeiros *galegos.
Depois  coa tecnologia conseguiram-se bidros de cristal, mas o nome ficou neles.(1)

http://paleoplanet69529.yuku.com/topic/52090/Primitive-Snow-Goggles-#.U9aTBOOSxA0

Onde está o radical proto-itálico *wedro?
Na palavra viva vedro do galego atual:
Vedro, (adjetivo) velho, anicião.
Bedrerio, (sunbstantivo) nome do vidoeiro
Do mesmo jeito fai o inglês para dar nome ao sabugo,  elder é nome doutro vedro, doutro velho, do sabugueiro Sambucus nigra.
Elder 
é sinônimo de older, o ancianinho, o patrãozinho...
Védramo, (substantivo) bosque mesto, espessura, mato. (2)

Para cheghar a Santiagho nom fai falta ir dar a Roma.

Outro surpreendente elo, dá-o a forma búdio e budueira, que possivelmente gerou ou derivou a sua raiz nos germânicos falares da palavra força wood (madeira, lenha, bosque), com abundantes cognatos nas línguas germanas.
O estudo de wood levou aos etimologistas de volta para o *galego, ao afirmarem que wood e família derivam de uma hipotética forma proto-germânica *widuz.
Raiz *widuz que se estende até o sânscrito com a palavra bhurja, nome do búdio,  do papel feito da sua cortiça, assim como de documento.
Búdio também é mui gerador, pois poderia estar na raiz etimológica do buxo, sendo a evolução de bú-di-o a bu-x-o

Até aqui já temos que o proto-itálico *wedro, o proto-germânico *widuz, e o proto-céltico *bedua estão presentes nas variantes do vido do galego e asturiano atuais.

Dail bedw!

Quer dizer, para que se entenda: três palavras "proto-europeias" estão como fósseis vivos nas falas da esquina atlântica.
Então a questão é: vão de ida ou vem de volta?
Quem vai de ida e quem vem de volta?
O caminho do Xebreiro ou do Zevrerio entra ou sai?
Galegos e galegas, ponde, facei favor, o centro em vós: o caminho sai!
Sim, sim, também tem volta.

Bodelo e bodolo, tem também a significação de pessoa grossa, onde está o bodo, vodo e o bolo, como primeiro jogo de birlos e bolas, e o bode, bote e bidão, (vidão) como primeiro recipiente

A alimentação germânica também parte desta àrvore onde feed, food, breath nascem de *ved *wood e *brez / *briz.

A cortiça interior do abedugho é comestível, e onde está a comestibilidade nas falas desta esquina?
Bodelo e bodolo, tem também a significação de pessoa grossa, onde está o bodo, vodo e o bolo.
Sendo pois primeiro voda e vodo como alimento, alimento oferecido, para depois converter-se em pacto de casamento, dote, e no mesmo casamento como voda com bodo e bolo (abulu astur).
(Aqui também entram os líquidos, pois do bídalo fai-se bebida fermentada, não por uma casualidade o vinho e a vide semelham enraizar por aqui).
Estavamos na regueifa inicial, que é um bôlo, uma comida , bôla que é a nai da regueifa como festa, e da regueifa como diálogo de entendimento, pacto de não agressão, pacto de a priori entender que a outra pessoa está por ir polo caminho do bem e do bom, na finalidade máxima que é o bem comum, e não o bem individual.
Pense-se que a cortiça interior é comestível também cozida, daí que a berça, com o cognato eslavo de bereza, nome para a vidoeira, poida indicar a raiz de tal verdura.
Atenda-se que no asturiano a cortiça do vido tem o nome de calduña, calduya.Esta parte interior da cortiça tem o nome de samo, samo é o magolo, a parte branda, tem a ver com o o magosto, a comida cozida e branda, as papas.
A utilização do samo como alimento marca pois a invernia, com a entrada do Samonios, na virada do último pulo yang, na vraiada do São Martinho, antes da longa noite invernia...
Do alpe, alpo (comida) como alpiste.

Imaginemos pois o período post-glaciar e uma cultura de caçadores recolectores pola alargada tundra europeia, conforme se iam retirando os geos cara norte geração após geração colonizavam os alvideiros novos territórios, o bosque, o vedrâmio, o bosque espeso, de *wedr de comida ved era imenso e farturento.

Daí a plurivalência e importância alta e geração lexical tão ampla de vido, bidro e brido.

Esta árvore vedra, velha, dava o albidrio, a liberdade e o apetite, e no seu pé dirimiam-se albitravam-se, arbitravam-se os conflitos.
Que o veto como velho, e o veto como vedação nascem ao pé dele, e do seu chanto, assim como a veteranice.
E mesmo ao seu pé se deram os primeiros jogos de birlos, bolas e bolos.
Com o bode, o bote e o vidão/bidão como dos primeiros recipientes....

Uma segunda onda , ou camada cultural veu atrás da cultura do vido, com o carvalho, apenas dizer que carvalho é uma derivação carinhosa de carva.
O nome de carva ficou para a rebola retorta pequena e velha, para ramalhos, e mesmo para os bosques degradados, evidentemente forçado por um imperialismo cultural posterior, pois carva deveu ter uma fala hegemônica refletida na toponímia e na sua força geradora de palavras derivadas como carvão e todas as que exprimem dureza.
E que carva nasce aginha da primária raiz, que no começo do escrito alicercei: alpe, arpe, albe, arbe.
Nasce de k-alba, k-arba, com todo isso do carvão, que não é mais que uma evolução, sendo primária o nome da árvore carva, e toda a família da dureza, com carfos e garfos...
Veja-se como o carpe (Carpinus betulus), uma árvore centro-europeia de relevância florestal, nasce de k-alpe / k-arpe.
K-arpe, carpe que dá toda a família da carpintaria e carpentes.

O mesmo k-arbe, o carbei?
Ao lado do k-arpe, e da k-arva, há a z-arva como vedação, talvez da mesma forma que védramo passou de bosque a édramo, sebe, e carva passou a bosque degradado.
Zarva, (confronte-se o espanhol zarza) deu mata de arbustos, sebe...

Aqui o elo dispersa-se com cervo e zebro, xebroxebre, sebe, e (a)zebro, zimbro, acivro, acevinho, acevo.

Outra palavra de etimologia difícil aparece por aqui é souto, de origem em saltus,  que dizem vir do latim.
Diferentes saltos levaram a passar de bosque a cerrado, a zona de pastos comunais, a zona de pasteiros...
Esta ideia de bosque inicial, ou mesmo floresta de plantação: Souto loural, souto de oliveiras, souto de maceiras....
S-alto?, s-almo?, s-alvo?
O idioma volta atrás?, esta paisagem é do cerrado brasileiro, um saltus latino?

Porei aqui também o nome do carnabude, ou carnabúdio, onde o vido volta a aparecer para denominar uma árvore, carna-búdio, Sorbus aucuparia.

E como não falar do alvedro, alvoredo em metátese, alvedro que pare o *arvedro: ervedo.

Da elevação que transmite alpe, e a sua máxima lenição *alme / alma, nasce o almez Celtis austrais, o almo, álamo e o ulmo, o almieiro ou amieiro....

Outra palavra velha é arche, nome galego particularíssimo do amieiro ou ameneiro, arche deriva da sequência arde, e do arder, que por sua vez estão no alpe, arpe, arbe, arve, arche.
Com archote e mesmo arco, pois nem todas as árvores servem para fazer um arco, com o nome espanhol arce aqui também, chamado de arceira ou pradairo (Acer pseudoplatanus).

Tudo isto leva-me ao caminho de que a albideira é uma das primeiras árvores da vida.
Das primeiras árvores nomeadas por esta cultura.
Que a sua influência em palavra, como vido, chegou até o sânscrito veda, onde conflui, pois veda além do antigo, vedro, é também o escrito, primeiro papel que foi feito da sua côdea, cortiça: os vedas, e também as vedas palavra sânscrita, que são umas sandálias simples, primeiras socas feitas da madeira de vido.
Pois é que mesmo a palavra é clara: a doação da vida está em si: vidoeira, sem necessidade de volta filológica nenhuma.
Álvore fundacional.













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(1) Nomes europeus para os lentes, os óculos próximos a bido e bidro e brido, à vidoeira:
De onde se vai sacando que brido foi dar no brilho, ah!, lembrar que no inglês, como representante europeu do nosso ramo perdido, vidoeiro dize-se birch, e os nomes dos lentes:
Aleman: Brille
Basco: 
betaurreko
Czech: brýle
Danish: brille
Estónio: prillid
Faroese: brillur
Holandês: bril 
Letão: brilles
Noruego: briller 

(Depois de ler todos estes nomes dos lentes, lembro-me da bilharda, e da palavra bilha, como pauzinho espeto, e da brida como correagem das primeiras tecida com febras de vido, brido).



(2) Védramo abre a hipótese de ser a origem de édramo / hédramo, nome não dicionariado, que na comarca melidã é usado para as sebes, silveiras e valados, cômaros antigos que servem de tapume, limite dos terreos.
Nome também duma serra na Galiza, serra do Édramo.
Nome de alguns topônimos na Galiza, se calhar lugares antigos e de  poder.
O passo de védramo a hédramo foi por uma lenição com uns *fédramo e *ghédramo intermédios e daí a hédramo?
Confronte-se no grego ἕδρᾱ (hedra)ἕδραμα (hédrama) ,que nos falam de tronos e cadeiras.

Então outra vez está caindo Roma?, pois o bosque impenetrável, o védramo, nasce de vedros e vedras, bidros, ou vidos, árvores na conceição alargada.

A Vedra, a Fedra, e a Hedra são três jeitos de dizer o mesmo numa linguagem que utilize a fortidão e a lenição.
Hedra que chegou a Roma e não veio de Roma para aqui, hedra que os Romanos pronunciaram dificultosamente como Hera.
E deu nome à deusa Hera, que era a Vedra-Fedra-Hedra, desta esquina atlântica, como deusa primordial.
Dizem a Phaedra grega ter uma suposta origem na palavra brilho ou brancura, brilho que no ponto de arriba ficou relacionado com o vido brido bidro vidro.
Fedra que não é outra que Freda, e toda a correnteza de palavras que nascem de tal deusa, desde a irmã freira, à deusa Freya, o fredo frio, e os ovos de truita...
Fedra é uma palavra que está recolhida na fala galega, para dar nome à hedra
Luminosidade, pois da Vedra, Fedra, Hedra, que nasce da alba da alvedra cortiça branca da vidoeira.

Tá sí an bandia bán!

A ideia de velhice, bedrerio, também está na palavra asturiana abulu, que sem ir dar a Roma dá a chave para a avó e o avô.
E numa ideia de ser avis, ave, antes que pássaro, alma elevada, estamos aqui com alme alve a(l)ve, ave?

3. O sardo com as formas: àbru, alvu, àrbia, àrbiu, arbu, arvu, àbru, conecta a cor e a árvore: àlbere, àlbore, àlbure, àlvere, àlvure, àrbere, àrbore, àrbule, àrbure, àrburi, àrvere, àrvore, àrvule, àrvure, àvure?


(4) Atenda-se que a cortiça também foi empregada para fazer roupas, pois estamos diante de que tea pode ter origem como nome primário da cortiça da vidoeira, e também nome primário da teia, sem iode no galego dialetal tea, do tecido.
Outra vez fica Roma em dúvida, pois pudo ter sido que nesta esquina a palavra tea, levasse um fonema a cavalo entre o i da iode e o ele, que interpretado atualmente grafaríamos ou pronunciaríamos como techia?

Este resto do fonema que ficou, há-o no chamado chê vaqueiro?
O chê vaqueiro muda de vale a vale, e por zonas tem estes sons :

[ɖ]: pre-palatal, oclusiva, sonora.
[ɖʐ]: pre-palatal, africada, sonora.
[ʈʂ]: pre-palatal, africada, sorda.
[t's]: alveolar, africada, sorda.

Pido, peço, que saiamos outra vez do paradigma centralista ibérico, que na sua hipertrofia chega a pensar que os esturianos falam assim por que não sabem falar bem, por que são inferiores, ou andam com muita papa na boca.
Se o fonema tem tanta variação polo que será?
Será por antigo?
Pensai que neste grupo fônico, as Astúrias é fonte veira (3.1), pois também tem o xis e o chê com fonação tx, e diversas realizações do lhê....

Talvez um som primário deste grupo pudo evolucionar em divergência, ou pudo marcar em gaus de lenition ou fortition variações do seu significado, mas ainda significando objetos relacionados com a palavra primária.
Estas mudanças principais poderiam ter sido nestas direções:

-A "l" (por exemplo no latim).
-A desaparecer.
-A ficar em iode leve.
-A reforçar-se.
Por exemplo a hipotética cortiça do búdio *te/ʈʂ/a, geraria:
tea, (candeia)
teia, (tecido)
tela, (teia em asturiano e espanhol)
/teha/, (espanhol teja)
*texa (?)
*techa, (espanhol techo, teito), tech (inglês), teito de colmo
teita, teito (tecto em galego)

Veja-se como a cortiça do vidoeiro, hipoteticamente *te.(li).a daria também a telha e o teito, pois de cortiça de bidoeiro eram teitadas as cabanas.
Cabanas que o céltico conserva com a raiz teit-, teich-, nomes que são para as casas posteriormente teitadas de colmo, e que na toponímia galega ficam como prefixos Tei-lor, Tei-mende....

4.1 Apenas apontar a ambivalência ubérrima da palavra veira com os significados no galego medieval de velha e também surpreendentemente variegada, variada.
Nesta poesia, aqui em enlaço , do Rui Queimado podemos ler o seu uso como variegada, apincharalada.

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