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TONGOE NABIAGO


Tanque do Quintal do Ídolo.

[CAEL] ICVS / FRONTO / ARCOBRIGENSIS / AMBIMOGIDUS / FECIT.
TONGOE / NABIAGO
CELICVS / FECIT / FRONT

Estas três inscrições na pedra da Fonte do Ídolo em Braga:
Tongoe Nabiago, para um galego, nem a latim chega!

Quero dizer, que galego arcaico parece, e abala a ideia de serem palavras do latim, e sim serem duma fala irmã.
Um tango para um galego é um tipo de copo com asa, que nas cozinhas tradicionais estava no vertedoiro, ao lado da selha, ou quando depois chegou a traída de águas, na torneira, ou bilha, tango ou tanque polo que todos bebíamos.
Um copo com asa.

Para a etimologia europeia, a palavra tanque sai da Índia, e foi pelos navegantes portugueses do século XV e XVI, que chegou a Europa para dar nome aos reservatórios de auga.
Esta cadeia etimológica parte do idioma Gujarati, no que ટાંકી (tanki) tem o mesmo significado. Aparentado também com uma palavra árabeستنق ع (istanqáʕa) estinhar.
Há pois aqui uma origem sânscrita: tadaga-m, (lagoa, lago, piscina) na raiz.

Outra cadeia parte da hipótese céltica, na que a raiz tank- dá ideia de cortar impedir o fluxo, com palavras no espanhol como tancar, cortar o passo das águas, e no catalão tancar, fechar, como também a palavra estanque.
No galego uma palavrinha especializada é a tanca, um pau que se põe na boca das nassas de pesca para impedir que o marisco saia, com toda a família léxica de tranca e tranco perto.
Entancar é palavra de Trás os Montes, significa ficar preso, travar. Outra forma é entangar, que não está recolhida nos dicionários, mas que nalgumas partes da Galiza (Pruços e Beçoucos) tem certa vida em expressões frequentes como "quedei entangado no trabalho", com a mesma ideia que o entancado trasmontano.
A palavra entancar/entangar tem muita derivação em entanguido, entangoar .... entangarinhar, que vai dar ao caminhar dificultoso dos impedidos, pola deformação das articulações na idade infantil, derivada duma má alimentação que provocava raquitismo, chegando a ser o entangarinhado e a entangarinhada sinônimos de raquíticos, com o tangaranho e o tanganho ...
Tanganada no asturiano, é a quantidade que entra num recipiente, capacidade volume de líquido, grolo que se traga duma vez ...

Depois disto, a hipótese da origem de tanque na Índia, pela navegação portuguesa pode ir ficando desbotada?; isto não impede que sim, a palavra tanque, que circula pelas línguas europeias, tenha uma origem galaica; ao ser o tanque um reservatório de água que os navios portugueses levarom polo mundo adiante.

Seja como for, diante de "tongoe nabiago", no Tanque do Ídolo, pensei que essa inscrição é proto-galego, ou galego arcaico. O galaico falar era o que estava a ler!
Como é logo pois isto?
Há um fenômeno vivo na Galiza de variação fonética, no que o som da oclusiva velar sonora /g/ muda em /k/ depois da nasal  velar /ŋ/. Assim mangueira passa a manqueira, domingo a dominco ...
Assim tongo/tango passa a *tanco/tanque?

Tongoe, leva um sufixo de declinação (tongo-e), que esculcando no jeito de declinação do gaulês, podemos dar com uma sufixação nesse antigo idioma onde o "-e" determina o caso vocativo ou locativo.
Será algo semelhante?
(neste enlaço idioma gaulês com as declinações).
Nabiago, é palavra viva no galego para referirmos-nos a quem habita na beira do rio Návia, naviega e naviego / navega e navego.
Poderiamos dizer que navi-agus era forma viva à par do latim navi-acus?
Isto tem umas implicações profundas que viriam dizer que a transformação do som latino /k/ intervocálico em /g/ do romance galaico não aconteceu sempre, e que talvez havia uma proximidade de palavras galaicas sufixadas em -ago com as latinas sufixadas em -acus.
Que a ideia de naviacus derivar em naviego é errada, que havia um naviagus funcional na época romana que gerou diretamente naviego, navego, (relativo ou pertencente a Návia).
Daí poderíamos chegar a pensar que muita palavra com a sufixação -acus / -acum, como galaicus apenas foi uma adaptação romana duma palavra indígena que poderia ser *galaigo?

Outra volta tem a inscrição: a  variação de Návia, com bê ou vê, já indica que os galaicos daquela altura não tinham o fonema /v/?
Ou estamos diante da "lenition, fortition" que caracterizam às línguas célticas. Navia versus Nabia, e tongo versus tonco?

Outra hipótese vai em que Tongo, tenha a ver com a mesma raiz que o tongue inglês, língua ou com thongus latino, de origem grega φθόγγος , (em palavras como ditongo, dous sons). O que nos levaria a ser a fonte do Ídolo um lugar oracular de Návia, o som de Návia, a língua de Návia.








Na ideia de lenição e fortição, sobre a palavra tango, há chanca que é uma poça, o passo profundo de um caminho, também o banho de salmoira, ou o lugar onde se empilha e salga a sardinha; o chanqueiro que é um copo grande para vinho...
Também zancre e zancrão / zancrom rego profundo feito pola água da choiva....

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