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Trás os Montes?

Detrás de que montes é que está Trás-os-Montes?
Para os galegos trasmontanos, definirem os montes trás dos que se encontra a província, leva a conflito?
Mas ...
Acostumados, como muita da galeguidade, a ter o centro referencial fora de nós, tratam de ver os montes como se de Lisboa viéssem ....
Mas os Montes trás dos que a região está, são as alturas que os limitam a norte.
Assim para os que moramos ao norte, quando vamos a Trás-os-Montes,  literalmente é que imos ao que fica para além dos montes que desenham o horizonte sul.
E aí vão de oeste a leste: a serra da Peneda, depois o Gerês, o Larouco, Montesinho e serra da Coroa.







Significativo é que fazendo parte desta terra esteja o Barroso.
Barroso que leva a pensar no barro.

A joaninha no galego tem o nome de barrosinha, barrusinho; e outro nome dela é marrosinho-de-Dios, ou marrosinho-de-Deus.
Uma das muitas palavras onde acontece o intercâmbio entre bê e eme, que ultrapassando o preconceito de vulgar, esta mudança pode estar alicerçada na mutação da consoante inicial das falas célticas




Seguindo esta ideia o Barroso poderia ser, ter sido, o *marroso, o lugar da marra ou do marro.
Marra que significa marco em Trás-os-Montes.

Marro que ficou apenas no jogo das crianças, como fito, pau chantado,  e não como menhir.
Que tem os seus pares no espanhol marro, e no asturiano marru.
Marro que é  também a palavra perdida em *maro, mas que ficou em marão, marom.

Leva-me a pensar em marão / marom "a casa grande de um lugar", quase um paço.
Também quando era segada a erva verde num prado a gadanha, ia deixando trás de si quem segava um "maranho" de erva, um montão lineal de erva, uma faixa, que poderia ser chamada *maronho (asturiano maroñu) baranho e paranho, com o significado de "faixa segada", talvez toponimicamente apenas como faixa.
No latim medieval a faixa ou banda que levam os militares de diferentes cores é chamada de baronia.

Esta mudança m-b ou m-v em palavras deste tipo ou família (maronda/varonda "vaca ingel ou estéril) poderia levar a pensar que Maronh- poderia estar realcionado com Varonh-, assim as Maronhas (Maçaricos) Maronha / Maronho (Fene) , teriam que ver com Baronha numa ideia de "varônia": marões / marons como casas fortes ou casas grandes sempre herdadas por vinculeiros masculinos.
No acádio marum "filho".

A Maronha de Perlio (Fene), ao pé de um curro afunilado de nome claramente identificador: Mundim e Xestal (lugar do sesteio) no lugar que costuma estar o paço ou casa Grande oposto ao lugar religioso).

Confronte-se como a outra serra mais ao sul significativa depois da do Barroso é o Marão. 

Marão em Trás-os-Montes dá nome também às casas grandes, e ao carneiro, que será falado mais adiante.
Confronte-se com maricas, que vem sendo um diminutivo de *maro, um "masculinitos".
Chama a atenção que a joaninha, que tem em galego o nome de rei, ou de rei-rei, é  também um marrosinho-de-Deus, um masculininho de Deus, um fito de Deus, confronte-se com o nome espanhol da joaninha mariquita.
É o *marro o que dá a marrada, o que turra.
Na marrada de dous bois era que nalgum tempo se marcavam os limites.
assim maronça em Trás-os-Montes é montão de terra, marouca é um medouco.


Na mutação céltica das consoantes iniciais temos *maro *baro e *varo *faro e *paro.
Sobre o faro e paro, neste enlaço fala-se algo mais.

A relação entre a marca, a mariola, a marola, o "homem-morto", o fito pétreo, e a masculinidade, está alicerçada também pela conceição do yin e do yang, onde o yang é o limitador.
Yang que dispõe uma barreira para marcar o limite.
Yang que é o do marro, ou maro mesmo, o do marco, o do varo, o varão, o da vara ou pênis.

Quanto à palavra marrom, para cor, vem de que o limite, o território é marcado com uma pila, já for de pedras ou de fezes, assim fazem muitos animais, um pilão que serve de fito.
Marrom, que de significar merda passou a dar nome à cor.
A deriva seguiu no francês onde as castanhas são chamadas de marron, cagotes.

Quanto ao tal pré-romano barro: a proximidade está, é, entre a merda humana, o marrom, e a argila plástica ou barro.
É apenas uma mutação de consoante inicial, característica das falas célticas.

E ainda outra: a palavra marrano, com as variantes galegas: marrau, marrão, marrám.
A etimologia espanhola fai derivar o marrano do árabe: muḥarram, (anátema).
Seja como for, anátema é uma proibição, um limite.
Mas não se pode negar o perto que estão o marrão do varrão, nas regras de mutação.
E ainda temos no ocitano a palavra marrana, marrane que significa fervente, e marran também no ocitano é nome do carneiro, talvez com a mesma gênese no deslocamento de significado a marouco, ou ao espanhol marueco, (morueco), ambas as palavras: carneiro.
Confronte-se como dentro do próprio galego bodalho é porco no galego medieval, com a palavra bodalha para leitoa no galego de hoje, afrente o bode que é o macho cabrum.
Outra palavra que pode ser indicadora da mutação e de uma origem nao exógena de marrão, é barrionda, nome para a porca quente, em cio.


Continuando com o radical mar- e o limite, temos o mar, como também talvez esteja o muro.

Uma das manifestações da masculinidade no mundo greco-latino é Marte, o do martelo.
Também a marta que deixa a sua marca, o seu marco, com um marrão.
Para o Marte latino, Mars, é fixada a sua gênese no oriente.
E não o nego, mas...
Não por casualidade se acha no Barroso esta figura que não sendo Marte, leva martelo ou marra:




Março é o marco, o limite, onde a energia yin deixa de ter primacia e começa o yang, no hemisfério norte, onde o nome do mês foi assim dado, martius.
Isto coneta mundos, pois no sânscrito मर्य ‎(marya), é o pretendente, ou o homem moço.
A marja e a margem, é também onde aparece a marca, o limite.
Barrão, berrão, varrão que não é outro que o *vvarrão, o *werrão, o da guerra, o da berra.
De onde o inglês war é da raiz de varr-ão.





Sobre Marrocos?, marroc no occitano é um grande bloco de pedra....


Mare?
Mare no inglês é nome da égua, aparentada com o gaulês markos com o significado de equídeo.
A salientar que o marco dá nome à pedra limitante, também o cavalo dá nome ao rego, (recolhido isto por Eligio Rivas), onde cavalo e cambalhão poderiam derivar do mesmo?
O jogo da amarelinha é chamado na Galiza de mariola, no espanhol rayuela. Amarelinha e mariola semelham partilhar o mesmo lexema -mare-.
Estamos também marcando limites com raias ou marolas?
Quem passou a Marola, a ilha limitante do golfo ártabro, passou a mar toda.
E as Santas Marinhas?, são freguesias nos limites, são as antas marinhas, as antas da mare, do marão.
E Maria?
O papa-figos (Oriolus oriolus), tem os nomes de maranteu e marantes, esta ave tem muitos nomes simbólicos associados à delimitação, demarcação de território,
como é falado nestoutro escrito.

Tem a ver amarelo com maro?
A etimologia latinista associa a cor amarela com amarus, "amargo".
Na etimologia céltica a cor amarela é tirada do nome do mele, assim de um proto-céltico: *meli "mele", e da sua adjetivação: *melinos há no córnico e galês: melyn e no bretão: melen para nomear o amarelo.
Houve um proto-galaico *melelo?
A melancia, o melão é melão por ser uma mela "maçã" grande, ou por ter sido mela a cor amarela também das maçãs silvestres, também amargas?
Outro nome do papa-figos é mareleiro / mereleiro.

Marantã? e o amor?



Para falar aqui da palavra maronda que define a vaca com comportamento de boi, que também é dita varonda / baronda.
(Costinha de Vimianço de Santisso).
Nestas variaçoes está também jaronda e taronda, que falam de quem está em cio ou ardor sexual, taronda especificamente para os bovídeos.

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